CORENBOLD: os 12 melhores discos de Hardcore de 2020

Por Gêra Lobo, Fernando Donaire, Fábio Forni e Beatriz Vaccari

Mesmo em um ano tão conturbado como o de 2020, ele conseguiu nos entregar vários trabalhos de claro destaque no mundo da música. Dentre tantos gêneros que se demonstraram presente neste ano caótico, alguns mereceram ainda mais atenção. Pensando nisso, a redação do ROCKNBOLD se juntou e preparou um especial com 12 álbuns que se destacaram acima dos outros em 2020 no hardcore. Porém, é bom explicar desde já que englobamos outros gêneros que, querendo ou não, tem influência e variações, como o post-hardcore, emocore e até metalcore, ou seja, a lista conta com discos dos meus variados artistas.

Além disso, ressaltamos que a lista vai de encontro com nossos gostos, seja por determinado contexto ou abordagens pessoais, e também serve de indicação para pessoas que buscam adentrar ainda mais em determinado gênero, mas não sabem por onde começar ou que caminho seguir. Então sem mais papo, vamos para os 12 melhores discos de hardcore em 2020.

Polaris – The Death of Me

Iniciamos a lista com um disco que deu muito o que falar no início de 2020. Lançado no dia 21 de fevereiro, The Death of Me é o segundo álbum de estúdio dos australianos do Polaris, que entregam muita energia, riffs espetaculares e uma forma criativa de variação nas guitarras. O trabalho é simplesmente espetacular do início ao fim, destacando a evolução da banda na forma como construir as músicas, com muita “porrada”, mas, em algumas faixas, até com refrões melódicos, que já foi visto no seu primeiro disco. É um típico álbum que faz você balançar a cabeça durante todos os 41 minutos.

Faixas destaque: “Pray For Rain”, “Masochist” e “All of This Is Fleeting”

Code Orange – Underneath

Depois do disco Forever (2017), que rendeu uma indicação ao Grammy para o Code Orange, os cenários do metal e hardcore ficaram ansiosos para o que viria a seguir dos norte-americanos. Mas ninguém esperava que pudessem, não só lançar um disco superior ao anterior, mas o melhor e mais bem composto de toda sua discografia. Underneath traz uma banda ainda mais confiante, abraçando o experimentalismo sem abandonar o peso ou melodia. Aqui, o grupo expandiu todas as influências do industrial introduzidas no disco anterior, com trechos eletrônicos, glitches ocasionais e grande enfoque em uma ambientação criada pelos sintetizadores para criar uma experiência futurista e caótica.

Faixas destaque: “Erasure Scan”, “You and You Alone” e “Cold.Metal.Place”

Bury Tomorrow – Cannibal

Cannibal é o sexto álbum da carreira do Bury Tomorrow. Crias do metalcore melódico que traz como referência bandas como Killswitch Engage, As I Lay Dying e Unearth, os britânicos se lançaram oficialmente no mercado com o álbum Portraits, que os colocou no mapa da música pesada mundial. Com os seus sucessores, não foi diferente. A cada trabalho lançado, era um degrau novo alcançado. “Cannibal” foi liberado no dia 3 de junho e causou alvoroço com o restante das músicas que não haviam sido lançadas como singles. É facilmente definido, até agora, como o álbum mais maduro e coeso da discografia dos caras: peso balanceando perfeitamente com o melódico; espaço para momentos de ambiência e aquela imaginação fértil de como esse álbum seria ao vivo. Uma turnê mundial está sendo costurada para 2021 e torcemos para que passe aqui pelo Brasil.

Faixas destaque: “Better Bellow”, “Cold Sleep” e “Dark, Infinite”

Trivium – What The Dead Men Say

Trivium é uma das bandas clássicas que se pode enquadrar no metalcore melódico. Os trabalhos da banda são característicos por muita melodia, solos que beiram os trinta segundos e muita, mas muita velocidade, principalmente nas linhas de bateria. “What The Dead Men Say” é o nono álbum da carreira dos caras, com 10 faixas extremamente bem executadas e criativas. A característica peso/melodia/rapidez se fez presente sem tempo para descansar, assim como nos trabalhos antecessores. Um ponto interessante de se abordar, é que a entrada do baterista Alex Bent, que ingressou em 2017, fez um upgrade significativo para a percussão das músicas tanto nesse trabalho, quanto no penúltimo. Mais uma vez a banda conseguiu trazer toda sua essência para um trabalho de estúdio, abrindo brecha para uma gama gigantesca de shows quando todo esse período passar.

Faixas destaque: “What The Dead Men Say”, “Catastrophist” e “Bending The Arc To Fear”

END – Splinters From an Ever-Changing Face

END surgiu como um supergrupo de metalcore, em 2017, com o EP From the Unforgiving Arms of God, que impressionou e deixou o cenário querendo mais. Em 2020, com o lançamento do primeiro disco, Splinters From An Ever-Changing Face, demonstraram uma qualidade para competir com grandes nomes do meio. O álbum é relativamente curto, com 27 minutos de duração, mas isso se faz necessário dado o nível de agressão musical que oferece poucos momentos para o ouvinte respirar, sendo esses realizados, entre faixas, por samples de uma consulta psicológica. Quanto à musicalidade, essa é um prato cheio para qualquer fã de metal extremo, com claras influências de death metal, mathcore, black metal e grindcore, fazendo deste um dos discos de metalcore mais abrasivos do ano.

Faixas destaque: “An Apparition”, “Absence” e “Evening Arms”

The Acacia Strain – Slow Decay

Os veteranos do metalcore, influentes no meio do downtempo e beatdown voltaram com mais um disco após um lançamento surpresa em 2019. Em Slow Decay, The Acacia Strain apresenta uma versatilidade e nuance de ideias que foram sentidas ausentes em discos anteriores. Demonstrando que ideias apresentadas no lançamento prévio não foram abandonadas, mas sim aprimoradas, como passagens de death metal e grande atenção à atmosfera criadas nas faixas, nunca deixando para trás os momentos de hardcore que tanto popularizaram o grupo. Além disso, é um disco que toca em várias questões sociais e ambientais, dialogando diretamente com a realidade de um mundo em um período pandêmico em que preocupações como essas foram iluminadas na face da sociedade.

Faixas destaque: “The Lucid Dream”, “Chhinnamasta” e “Inverted Person”

The Ghost Inside – S/T

O autointitulado dos americanos do The Ghost Inside é, de longe, um dos álbuns mais pesados emocionalmente falando que 2020 trouxe à tona. Com cinco álbuns na carreira, diversas turnês e festivais de renome, os californianos sofreram uma baixa tremenda no ano de 2015. Após um acidente de ônibus na volta de um show, algumas perdas e várias sequelas, a banda entra em hiato e choca o universo da música. O significado do “pesado emocionalmente” entra agora: em janeiro de 2019 uma foto da banda em estúdio é postada e explode a internet com uma possível volta. Em julho do mesmo ano, a banda sobe ao palco em seu show de retorno descarregando anos de energia acumulada. O auto intitulado veio ao mundo com o single “Aftermath”, que mostra um trecho da reportagem do acidente, e um clipe mostrando todo o período de recuperação da banda, algo que levou boa parte da comunidade as lágrimas. O álbum é o retorno triunfante de algo que poderia ter acabado ali naquele momento fatídico, mas como eles mesmos tratam nas letras: é melhor dar a volta por cima do que viver o passado.

Faixas destaque: “Aftermath”, “Still Alive” e “Make or Break”

Loathe – I Let It In And Took It Everything

No segundo álbum de estúdio de sua carreira, os britânicos do Loathe nos apresentaram I Let it In And it Took Everything, um dos discos de metalcore mais diferentes de 2020, variando de dezenas de subgêneros para compor um álbum que satisfaz pela variedade e surpresas conseguindo ser melódico e agressivo de forma equilibrada durante toda sua duração. Musicalmente falando, a primeira influência mais notável é Deftones, mas, além disso, encontra-se uma enorme influência de shoegaze, post-rock, new metal e até mesmo emo, tudo isso com uma enorme coesão entre faixas e uma produção excelente que dá a oportunidade de cada nuance ser notada e ampliada no decorrer da experiência. Esse disco faz com que várias músicas sempre te levem a uma direção mais inesperada que a outra.

Faixas destaque: “Heavy is the Head That Falls with the Weight of a Thousand Thoughts”, “I Let It in and It Took Everything…” e “Aggressive Evolution”

Sharptooth – Transitional Forms

Transitional Forms é o segundo álbum de estúdio da banda estadunidense Sharptooth. O grupo nunca teve papas na língua para dizer através das músicas tudo o que os integrantes pensam sobre diversos assuntos políticos, econômicos e sociais da atualidade — tendo lançado uma música em 2017 em que o título literalmente manda o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “se f*d*r”. Três anos depois, o grupo mostra que seu discurso continua firme, com vocais rasgados logo na primeira faixa e guitarras que poderiam muito bem ser confundidas com serras elétricas. Dessa vez, Sharptooth traz em suas composições temas voltados à saúde mental e política de gênero, criticando o que foi popularmente chamado no Brasil como “esquerdo-machos” ou a militância por conveniência, cujo mérito é todo do local de fala feminino que ocupa os vocais da banda, com a vocalista Lauren Kashan.

Faixas destaque: “Say Nothing (In the Abscence of Content)”, “Hirudinea” e “Nevertheless (She Persisted)”

Envy – The Fallen Crimson

The Fallen Crimson marca não só o sétimo álbum de estúdio de uma das bandas pioneiras da cena post-hardcore, mas o trabalho também entra para a sua história discográfica por registrar o retorno do vocalista-fundador Tetsu Fukagawa. Vale lembrar que além de gritarem desde 1992, Envy ocupa um importantíssimo lugar no gênero por ser o principal nome do Japão no post-hardcore. The Fallen Crimson, por sua vez, age como uma espécie de renascimento do grupo em uma paisagem sonora de melodias de guitarra entrelaçadas com vocais que vão desde a urgência do screamo até o mais angelical tom. Esse último dando jus à arte da capa da obra, que além de trazer uma figura feminina com asas de anjo, ainda traz mais cor do que jamais visto em qualquer álbum da história da Envy, mostrando aos fãs que mesmo após muitos anos, uma nova era está para surgir.

Faixas destaque: “Marginalized Thread”, “Dawn and Gaze” e “A Step In The Morning Glow”

Higher Power – 27 Miles Underwater

Após três anos sem novidades, os ingleses do Higher Power ressurgem com tudo em 27 Miles Underwater, segundo álbum de estúdio da banda que traz uma proposta bem diferente do anterior já na arte de capa. Dessa vez, o grupo resolve acenar para a ambiciosa cena hardcore dos anos 90, que tinha como objetivo ampliar seu público democratizando as músicas do que agradar os já convertidos. 27 Miles Underwater teve dedo do experiente produtor Gil Norton, que já contribuiu muito para o gênero nos anos 80. A banda entrega em onze faixas um conteúdo ousado, mas promissor, cheio de ganchos melódicos, canções baseadas em riffs e um vocal sem igual que praticamente implora para ser ouvido ao vivo.

Faixas destaque: “Seamless”, “Shedding Skin” e “Low Season”

Bring Me The Horizon – POST-HUMAN: SURVIVAL HORROR

Você pode concordar ou não, mas o Bring Me The Horizon merecia estar na lista pelo seu grandíssimo trabalho em POST-HUMAN: SURVIVAL HORROR, e é com eles que finalizamos esta lista. EP, disco, álbum, que seja, os britânicos entregaram mais um projeto fantástico, cheio de vertentes, agressivo e que fazem nos perguntar sobre tudo que passamos em 2020 (e que ainda estamos passando), um ano caótico. Tudo no disco é destacável, desde ao retorno de breakdowns raivosos, Oli Sykes se esgoelando, até mesmo músicas que claramente você escutaria na rádio. Ele tem porrada, mas também possui arranjos gostosos e não te deixa parado. Resumindo: o Bring Me The Horizon te convida a uma aventura bem intensa e que vai tirar seu fôlego do início ao fim desta montanha-russa.

Faixas destaque: “1×1”, “Parasite Eve” e “Kingslayer”

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