Chester Bennington e seu pedido de ajuda em “One More Light”

Vocalista entregou no sincero e dolorido último álbum do Linkin Park o sentimento de quem estava prestes a perder a batalha para a depressão
Vocalista entregou no sincero e dolorido último álbum do Linkin Park o sentimento de quem estava prestes a perder a batalha para a depressão

[TW]

Saúde mental é algo essencial para o bem-estar de qualquer ser humano. Lidar com ela não é fácil, exatamente pela ansiedade, inseguranças, medos e os outros diversos males que rondam a questão. Há pouco mais de três anos, a voz da geração dos anos 2000 nos deixou após perder sua batalha de uma maneira triste e que chamou ainda mais a atenção do mundo em relação as consequências de depressão. Sim, estamos falando do lendário Chester Bennington, líder do Linkin Park, que se suicidou em julho de 2017.

A luta de Chester contra a doença era antiga. Seus gritos, principalmente nos primeiros discos do Linkin Park, não eram apenas coincidências na sonoridade, mas sim uma forma de extravasar tudo aquilo que sentia desde mais novo. Letras de músicas como “Somewhere I Belong“, “Crawling“, “Numb” e “Breaking the Habit“, alguns dos principais clássicos da banda, tratam muito de explicar essa luta contra problemas da depressão, ansiedade, vícios e inseguranças, por mais que parecem ate não transmitir isso, mas se você parar para escutar o que Chester tem a dizer, vai entender que é um problema de muito tempo, e que ele sempre fez questão de soltar para o mundo.

Mas o grande ápice dos gritos, falas, gestos do vocalista veio no seu último disco com os seus irmãos do Linkin Park: “One More Light“. Por mais que tenha tido uma avaliação negativa da crítica e até de muitos fãs, mais pela sonoridade em si, os elementos extremamente pop, largando mais a guitarra e transformando o instrumental em algo mais “acessível” ao grande público, o conceito do disco é o que impressiona e chama a atenção de quem escuta o trabalho com atenção, nos detalhes, pois aqui foi o grande pedido de ajuda de Chester, que não aguentava mais sofrer com poucas pessoas percebendo sua luta contra seus demônios internos. Infelizmente, pouco tempo depois do lançamento do disco (maio/2017), ele nos deixou em uma tristeza profunda para sempre, deixando claro que todos podem perder a luta, e ele foi um deles.

(Foto: Rich Fury/Getty Images for iHeartMedia)
(Foto: Rich Fury/Getty Images for iHeartMedia)

FAIXA-A-FAIXA E SUAS MENSAGENS

Praticamente todas as canções do álbum tem uma mensagem forte na sua letra. Logo de cara, “Nobody Can Save Me” relata algo forte de Chester, onde ele diz que ninguém pode salvá-lo, pois só ele tem as respostas para a salvação contra os demônios dentro da sua cabeça, mas não garante que ele conseguirá se salvar. Após “Good Goodbye” parecer uma mensagem para alguma pessoa que está “abusando” mentalmente da outra, “Talking To Myself” entra mais uma vez em uma conversa “interna” de Chester consigo mesmo para lutar contra tudo de ruim na sua cabeça. O importante é entender a forma como ele se transmite, jogando para fora esses problemas.

Na quarta faixa, “Battle Simphony“, é essencial saber que Chester sofreu demais quando criança, sendo abusado, inclusive. Enquanto esteve vivo, isso mexeu com sua cabeça e deixou sequelas. Durante a faixa, ele meio que explica que a “batalha sinfônica” o ajuda a recuperar a fé nele mesmo e relembra de enfrentar os inimigos mais “destemidos”. Passando por “Invisible“, que foca mais em Mike Shinoda, o segundo líder do grupo, chegamos na, talvez, música mais lembrada e explicativa: “Heavy“. Bom, como o título mesmo fala, o peso de carregar o estresse a vida toda não é nada fácil, e é isso que Chester se pergunta na canção. Ele mesmo falou que, mesmo quando a vida dele estava boa, também viveu um momento difícil, e que o objetivo dele era descobrir como viver a vida dos termos que a vida propõe. A melancolia da música deixa tudo ainda mais dramático, pois é claro que ele se rende a canção.

Espere um pouco
Por que tudo é tão pesado?
Espere um pouco
Tão mais pesado do que posso carregar – “Heavy”

Após passar de “Sorry for Now“, outra música focada mais em Shinoda, “Halfway Right” apresenta uma problemática de Chester com o passado, refletindo sobre o que seus pais e familiares lhe falaram no passado sobre a vida, e que ele gostaria de tê-los escutado diante dos seus problemas, pois é “tarde demais” para consertá-los. Chegamos na, talvez, música mais emotiva do disco e que intitula o próprio: “One More Light“. Muito além da sua pegada melancólica e dramática, apenas um simples instrumental na guitarra e alguns sintetizadores, o foco é no que Chester tem a nos dizer sobre o conceito de “morte”, do que ela significa, de como agimos e sentimos ela. A canção é uma homenagem a uma amiga da banda chamada Amy Zaret, que tinha falecido há pouco tempo, além de ter ganhado um tributo ao vivo a Chris Cornell, grande amigo de Chester e que faleceu alguns meses antes do amigo.

Para finalizar o disco, “Sharp Edges” pode parecer algo relacionado a “automutilação”, mas me parece focar mais nas recaídas e recuperações, com o termo “bordas afiadas” (sharp edges) não sendo levado no literal, Palavras duras são dolorosas. Falar rispidamente com alguém tem consequências e, para alguns, como aqueles que lutam contra a depressão, deixa cicatrizes emocionais. É uma forma pesada, mas necessária de encerrar esse trabalho conceitual e importante.

(Foto: Divulgação/Linkin Park)
(Foto: Divulgação/Linkin Park)

O legado de Chester Bennington estará aí para sempre. Por mais triste que tenha sido o fim dessa linda história envolvendo música, fãs e sentimentos dos mais diversos, o importante aqui são as mensagens que o próprio sempre passou, na luta contra os seus maiores medos e inseguranças, que, infelizmente, venceram a batalha. Mesmo assim, isso tudo serve de lição de perseverança na luta pela saúde mental. Cada vez mais devemos deixar claro o quão é importante estar bem consigo mesmo, a cabeça em perfeita sintonia com a vida.

Não podemos mais subestimar a depressão. Não digo exatamente que Chester a subestimou, pois sempre extravasou da maneira correta, cantando, gritando, mas a falta de preocupação de muitas pessoas ao seu redor, sem entender o que passava na cabeça dele, foi prejudicial e acabou não ajudando o vocalista na hora que mais precisava. One More Light foi o último pedido e grito por ajuda de Chester. É um álbum extremamente representativo e especial diante da problemática abordada acima. Bennington foi derrotado pela depressão, mas caiu lutando. Tenha certeza que, do céu, ele segue compondo e rezando por todos que sofrem com isso dia após dia.

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