andre ribeiro e a viagem intimista e cristalina em “o que nunca foi de amassar”

Muitos conhecem André Ribeiro por causa da banda Alaska. É inegável afirmar que sua passagem pelo grupo foi um momento importante de sua vida (nove anos ao todo), mas que com certeza lhe deu bagagem para se tornar um artista tão completo como é hoje. Solista e instrumentista e sob o nome artístico de andre ribeiro, o músico dividiu com os fãs no último mês a session intimista e conceitual o que nunca foi de amassar, disponibilizada na íntegra por meio do YouTube.

Com um repertório de respeito, composto tanto por músicas autorais de sua carreira solo, alguams versões repensadas que foram performadas originalmente pela Alaska e músicas inéditas que serão lançadas em breve, André utiliza apenas 36 minutos para se mostrar o que faz dele hoje um grande nome da música brasileira. O material audiovisual começa sem delongas, já com depoimentos do músico sobre o processo criativo para dar um nome ao seu projeto solo.

Com memórias, falas e revelações intercaladas às músicas, o que nunca foi de amassar acaba sendo uma experiência não só musical, mas também cinematográfica. Numa atmosfera minimalista e íntima, a sensação de acolhimento ao projeto é quase imediata a partir do momento em que a primeira faixa é performada. O jogo de enquadramentos somado aos efeitos analógicos pontuais e cenário monocromático criam da session um universo só, permitindo ao público conhecer as camadas do artista que forma andre ribeiro hoje.

Quando questionado sobre o que motivou a session, em entrevista exclusiva ao ROCKNBOLD, André revela que houve um grande incentivo do selo Eu Te Amo Records, que administra seu projeto solo atualmente. “Eu não sabia se queria levar esse projeto pro ao vivo, então decidimos fazer a session e ver como é que sai. Tudo aconteceu e esse formato foi animador, tinha essa intimidade do ao vivo, apesar de não ser um show”, comenta o músico.

Quanto à escolha da setlist híbrida, andre ribeiro revela que a princípio a ideia não era bem assim. “No começo eu queria tocar as músicas do Cidades, meu EP, aí pensei em tocar coisas novas que ainda levarão um tempo pra sair”, conta. “Não tenho problema com ‘segredo’ e não mostrar o que eu tô produzindo, então o Cassiano [Eu Te Amo Records] me ajudou a selecionar Tinta Azul e Coisa de Cinema.” Quanto às músicas da Alaska, André revela que a princípio ficou relutante por performá-las sozinho, mas ao surgir a ideia de chamar os integrantes para participar do projeto, a ideia acabou tornando um entusiasmo genuíno.

O projeto chega com a missão de apresentar ribeiro para o público com um diálogo direto, olho no olho, onde ele assume sua carreira solo e expande a música para além dos streams e plataformas digitais. “Tô nessa brisa do monocromático faz um tempo, então quando a ideia surgiu a gente já tinha na cabeça que seria tudo em tons de branco para o bege e para o terra”, revela o músico, que explica que o conceito que ele pensou foi traduzido para o cenário por Patricia Menezes, que assina a direção de arte.

mudanças

Ao olhar para trás, andre ribeiro revê seu crescimento particular desde seu primeiro PE Cidades até session lançada no mês passados. “Eu fiz [o EP] na virada de 2018 para 2019, enquanto viajava sozinho na Europa. Naquela época eu estava tocando na Alaska, e já decidido que eu iria sair, mas ainda não sabendo muito bem como navegar essa decisão e como botar isso em prática de uma forma que fizesse sentido pra mim”, começa. “Era tudo muito novo e pouco menos intenso, minha vida era outra, eu tava morando na cidade e agora sou do interior. É tanta coisa diferente…minha vida virou de cabeça para baixo. Eu acho que a maior diferença mesmo é que hoje eu me sinto um pouco menos disposto, menos esperançoso e acho que minhas energias estão sendo gastas para sobreviver a isso tudo”, refere o músico ao cenário pandêmico.

Falando em pandemia, andre reflete também como o período de isolamento causado pela COVID-19 impactou em sua carreira solo e não tem problema em dizer como, aos poucos, sua disposição acabou sendo sugada pela falta de esperanças no dia a dia da quarentena — assim como todos nós. “Fiquei mais tempo em casa, na frente do computador e isso me permitiu no começo a colocar mais as minhas ideias para fora”, relembra. “Mas a vontade foi diminuindo e os ânimos baixaram bastante.”

“Essa foi uma forma que impactou na minha arte, no jeito que eu posso levar ela pra fora do meio digital”, revela. “Esse foi o grande lance da pandemia em relação às minhas músicas e a minha pessoa artística. Como expressar isso de outra forma no offline.”

Andre Ribeiro o que nunca foi de amassar - session

andre ribeiro e suas emoções

A arte de andre é cem por cento emotiva, com um processo criativo composto inteiramente por sentimentos. Cantando sobre solidão, tristeza e querer se esconder, o cantor revela que desde o NVMO, da Alaska, em 2018, “tudo ficou bem biográfico.”

“Desde lá tudo é extremamente baseado nas minhas experiências, nas minhas emoções e o que você ouve e o que é de verdade. Eu tento não fugir. Enquanto eu tô escrevendo eu tento não filtrar tanto, a vontade às vezes é você querer colocar uma roupa bonita numa coisa feia. Isso pode até ficar desonesto, então eu procuro deixar tudo o mais sincero possível.”

ser artista para andre ribeiro

Para o cantor, há uma definição muito simples sobre o que de fato é ser artista: produzir arte. “Como eu me acostumei no cenário onde a Alaska vinha, muita gente querendo definir o que é um artista, o que é uma banda de verdade, eu gosto de frisar isso pra quem tá começando”, esclarece andre.

“Não importa quantas pessoas pessoas vão no seu show, quantas visualizações, a plataforma que você usa; o que importa é o que você quer dizer com sua arte e o que for absorvido dela.”

Andre Ribeiro o que nunca foi de amassar Andre Ribeiro o que nunca foi de amassar

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